segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Alimentos anticâncer


PROTEÇÃO QUE VEM DO MAR
Os jornalistas de SAÚDE são testemunhas de que praticamente não existe um grande evento científico de nutrição que deixe de contemplar o ômega-3, a gordura dos pescados marinhos. Até porque uma de suas propriedades é defender nosso corpo do câncer. Estudos epidemiológicos realizados na Ásia já associam o consumo de peixes ao menor risco de tumores mamários, por exemplo. Isso porque o mais prestigiado dos ácidos graxos tem um belo efeito anti-inflamatório. "Se o corpo vive em um estado de inflamação crônica, ocorrem agressões às células que podem afetar seu material genético", explica o nutricionista Fábio Gomes, do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Para evitar esse processo que culmina na doença, dedique três refeições da semana a sardinha, cavalinha, salmão...

DE GRÃO EM GRÃO

...diminuímos a probabilidade de um câncer aparecer. Os grãos, no caso, são de feijão, ervilha, lentilha, soja e até o de bico.
Integram a família das leguminosas, um dos melhores redutos de fibra do planeta. Essas substâncias interagem com a flora intestinal e colaboram para a formação do bolo fecal. Assim, nos domínios do intestino, fazem com que compostos tóxicos sejam eliminados antes de agredirem as células. As vantagens não se restringem à redução no risco do câncer de cólon. Pesquisas já demonstraram uma associação inversa entre a ingestão de fontes fibrosas e a incidência de tumores de mama e pâncreas. Aliás, os grãos escuros, como o feijão-preto, oferecem mais antioxidantes, legítimos zeladores celulares. 


O PURO SUMO DA FRUTA FRESCA

É de perder a conta o número de substâncias encontradas nas frutas com capacidade de resguardar as células humanas. E a cada dia um estudo é publicado relatando as propriedades de fitoquímicos e afins. Na feira, porém, merece destaque a uva vermelha. Experimentos com o suco de uva integral realizados em cobaias pela biomédica Caroline Dani no Centro Universitário Metodista de Porto Alegre (RS) indicam que seus componentes barram inflamações e danos celulares capazes de levar ao câncer. Mas não precisa viver de uva, não. Trate de comer maçãs, laranjas... Até porque uma revisão assinada por estudiosos chineses revela que a ingestão de frutas em geral afugenta tumores gástricos.

Brócolis, couve-flor, repolho, acelga, rúcula... Essa família, a 
das brássicas, é motivo de respeito quando se fala em comida com vocação para afastar tumores. Abordados em mais de uma palestra no Congresso Brasileiro de Nutrição e Câncer/Ganepão, esses alimentos são uma senhora fonte de glicosinolatos. Quando tais compostos são cortados e mastigados, há uma reação química que dá origem aos isotiocianatos, substâncias muito estudadas por sua ação anticâncer. "Elas protegem as células de elementos tóxicos como os poluentes", diz a nutricionista Rita de Cássia Castro, professora da Universidade Potiguar (RN). O mais famoso desse grupo, o sulforafano dos brócolis, ainda atua diretamente sobre o DNA, ativando genes supressores de tumores. Não consumir mais de 3 vezes por semana

O PARADOXO DO CHÁ-VERDE

Ele entra na maioria das listas de alimentos que combatem o câncer. "Uma de suas substâncias, a epigalocatequina, suprime a proliferação celular e combate inflamações", diz a bioquímica Elaine Hardman, da Universidade Marshall (EUA). Mas os resultados dos estudos clínicos com a bebida ainda nos fazem questionar seu real efeito protetor. 

ESPANTA ATÉ TUMOR
O alho encabeça a seleção de alimentos anticâncer escalada pelo famoso oncologista francês David Khayat, do Hospital Pitié-Salpêtrière, em Paris. Segundo o professor, o tempero defende principalmente o esôfago, o estômago, os rins e o intestino. Seu talento? "Ele tem um antioxidante poderoso, a alicina", entrega Khayat. "Essa substância estimula o sistema imune a detectar e destruir células cancerosas e ainda pode induzir o suicídio dessas unidades defeituosas", explica. Aproveitamos melhor a alicina quando o alho chega ao prato cru, mas a versão cozida ainda agrega pitadas dela. 

COMA COM OS OLHOS

É que as cores ajudam a reconhecer uma qualidade dos vegetais: a presença de pigmentos que, dentro do organismo, labutam contra o câncer. Exemplos clássicos são o licopeno do tomate e o betacaroteno da cenoura e da abóbora. Ambos são antioxidantes de primeira, que anulam os radicais livres capazes de danificar o DNA. E olha que eles se tornam mais operantes após passar pela panela. "Os nutrientes da cenoura, por exemplo, são mais absorvidos pelo corpo depois que ela é cozida", diz o nutrólogo Sidney Federmann, de São Paulo. 


BENDITOS MICRÓBIOS

Probióticos são aquelas bactérias benéficas incorporadas a leites fermentados e alguns iogurtes. E já existem fortes indícios de que eles cumprem um papel na prevenção do câncer. É que, por ajudarem a preservar a integridade da mucosa intestinal, minimizam a possibilidade de lesões malignas aparecerem ali.
MODERAÇÃO POR FAVOR Abusar com frequência de alguns alimentos pode aumentar o risco de câncer. Entenda por que eles exigem bom senso 

O REBANHO AGRADECE

Quem não dispensa carne vermelha no almoço e no jantar precisa rever esse hábito. O alerta vem de estudos populacionais que ligam seu consumo exacerbado ao câncer. Isso porque, apesar de ser fonte de proteína e ferro, ela está cheia de ácido graxo araquidônico. "Trata-se de um tipo de gordura saturada com perfil pró-inflamatório", explica a nutricionista Rosângela Passos, da Universidade Federal da Bahia. Se a inflamação é persistente, você já sabe... ponto para os tumores. Já há indícios, aliás, de que ferro em demasia e subprodutos formados na digestão da carne contribuam para danos permanentes às células. Melhor não extrapolar demais a cota de 300 gramas por semana. 

E é bom ter cuidado com o ponto! Quando a carne é tostada demais - especialmente na grelha do churrasco -, ela fica impregnada de elementos cancerígenos. Esse fenômeno acontece quando um bife é exposto a mais de 3.00oC. Por isso, os nutricionistas sugerem priorizar, no dia a dia, o cozimento na panela.

DOÇURA DEMAIS ESTRAGA

açúcar refinado também está pisando nos tribunais do câncer. E pode levar com ele refrigerantes, biscoitos e outros doces. Para o nutricionista Fábio Gomes, a acusação reside no fato de que seu abuso é um dos patrocinadores da pandemia de obesidade - e esta, por sua vez, deixa o terreno fértil para tumores. Só que a biologia já tem outra explicação que ligaria o apetite de formiga ao maior risco da enfermidade. Quando se enche a barriga de guloseimas e se esquece das fibras, bactérias patogênicas se proliferam no intestino. "E esse ambiente facilita a absorção de compostos carcinogênicos", revela Rosângela. 

PERIGO NO HOT DOG

Ninguém vai propor que você nunca mais coloque a salsicha no meio do pão ou petisque um salaminho com os amigos vez ou outra. Mas esses presentes ao paladar devem ser vistos rigorosamente como exceções na rotina. É que os embutidos - e lembre-se de que falamos também de presuntos, mortadelas e linguiças defumadas - têm conservantes, os nitritos e nitratos, que, ao interagir com o suco gástrico da digestão, se transformam em nitrosaminas. "Elas podem se ligar ao DNA e atrapalhar a confecção de proteínas que regulam o ciclo celular", descreve Gomes. Aí já viu... De um erro microscópico surge um problemão. Além disso, embutidos costumam vir lotados de sódio e gordura saturada, outros sabotadores do organismo. 


SOBROU ATÉ PARA O SALPois é, exagerar nas pitadas ou nos produtos industrializados não descompensa só a pressão. Trabalhos feitos na Ásia mostram que pessoas que abusam do molho à base de soja, um poço de sódio, sofrem mais com o câncer de estômago e de esôfago. 


VAI DEPENDER...Confira no infográfico informações importantes sobre como certos fatores interferem na maneira como os alimentos são absorvidos pelo nosso organismo (a ilustração é de Sérgio Bergocce).
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/saude/o-menu-anticancer-799839.shtml?func=1&pag=4&fnt=14px

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